domingo, 10 de maio de 2009

Teresina vive dois ‘Dia das Mães’ diferentes

Texto e Vídeos: Jordana Cury
Teresina vive um contraste no Dia das Mães. Enquanto de um lado os shoppings estão lotados de pessoas em busca de presentes, que variam desde as flores mais simples até as jóias mais caras, por outro, as mães da região do bairro Vila Nova Parnaíba, que se encontram abrigas na União Operária Artística, pedem um único presente: uma casa.

O abrigo está servindo de moradia para oito famílias, duas em cada uma das salas. Essas famílias saíram da ‘Prainha’, como é conhecido o bairro Vila Nova, há mais de 15 dias, com a promessa da prefeitura de que em alguns dias a situação estaria resolvida.



Segundo a mãe da pequena Carla, 2, Dona Raimunda Gomes, as condições do abrigo estão melhores que as dos anos anteriores, mas nada se compara a sua casa própria. “Eu tenho medo, fico aqui, mas todo dia vou lá olhar como está minha casa, ver se a água já baixou. É triste passar por isso. Meu melhor presente seria uma casa, ou que pelo menos que ajeitem a minha. Não é que aqui esteja ruim, mas não é a minha casa. Quem não quer morar na sua própria casa? O resto vem com o tempo”.



O Dia das Mães no abrigo não foi comemorado. Desde cedo da manhã, as mães começaram sua rotina: levantaram, comeram alguma coisa, lavaram roupa, almoçaram. “Não temos nem como comemorar. O que a gente pode fazer? Não tem como fazer nada, temos mais é que cuidar para a situação não piorar”, explicou Dona Riúza Cruz, mãe de Luíza, 5, e Gabriel, 9, enquanto lavava roupa.

O caso mais agravante é o de Dona Antônia da Silva. Ela tinha uma casa de taipa que foi completamente destruída com as chuvas. “Quando a prefeitura me tirar daqui, não vou ter para onde ir com meus filhos. Só me resta rezar e pedir a Deus que coloque uma casa no meu caminho. É só isso que eu peço agora”.

As mães que pedem celulares e eletrodomésticos


Em contraste, na véspera da grande data, no Riverside Walk e no Teresina Shoppings, o estacionamento está engarrafado, as lojas superlotadas e os consumidores chegam a passar mais de 1h na fila, para pagar pelo produto comprado.

As lojas mais procuradas são as que vendem celulares, flores e eletrodomésticos. “Não tive tempo de vir durante a semana, estava trabalhando e meu irmão teve um probleminha de saúde, então tive que vir no último dia mesmo, mas estou pagando pelo meu pecado, essa fila nem anda”, disse Manoela Resende, enquanto esperava na fila do supermercado, para pagar o liquidificador que dará de presente à sua mãe.

As lojas Oi, Tim, Claro e Vivo estão impenetráveis. “Ainda falta passar na Oi, mas já passei em todas as outras. Estou conferindo as promoções, minha mãe avisou que quer um celular que fale de graça [risos]. Só vou sair com o celular dela na mão”, explicou o estudante Paulo Viana.

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