Testemunhas Polêmicas

Texto :Jadson Osório(jadsonosorio@hotmail.com)

Foto: site oficial da Igreja(watchtower.org)

As Testemunhas de Jeová têm uma imagem controversa diante da sociedade. Questões como a rejeição do uso de sangue na alimentação e na medicina fazem desta religião uma das mais polêmicas. Surgidas em 1870 nos Estados Unidos, as Testemunhas de Jeová hoje estão presentes em 236 países. A igreja é gerenciada pela Sociedade Torre de Vigia, instituição que dispõe de um enorme parque gráfico em todo mundo, responsável por idealizar, publicar e distribuir impressos, que são a base das pregações realizadas pelos fiéis. Essa disseminação de impressos permite uma uniformidade mundial no discurso da Igreja.

No Brasil a Igreja surgiu em 1923, trazida por marinheiros americanos. Atualmente são mais de um milhão de fiéis no país inteiro. Estes fiéis enfatizam o uso do nome de Deus, como Jeová, usado em textos originais hebraicos. Não acreditam na Santíssima Trindade e não consideram a divindade de Jesus. Parte importante de seu credo é o trabalho de difusão da doutrina, realizado por todos os membros de porta em porta, chamado por eles de trabalho de campo.

Segundo eles a única coisa que pode trazer a salvação são os ensinamentos da sua Igreja. Em Teresina são mais de 30 congregações da Igreja espalhadas por todos os bairros. A Igreja desenvolve trabalhos voluntários com surdos-mudos em todo o mundo, inclusive em Teresina, nos bairros Dirceu e Primavera. As obras sociais se estendem também às vítimas de catástrofes, em caráter sigiloso.

Sua crença básica é de que se aproxima o Armageddon, quando será constituído o Reino de Deus, que acolherá a Cristo e mais 144.000 indivíduos (pertencentes às Testemunhas de Jeová) que serão levados a uma vida nova no céu, enquanto todos os outros crentes terão uma existência terrena eterna como súditos deste reino. Adotam também uma ética rígida que condena o sexo fora do casamento, uso de bebidas alcoólicas e tabaco, homossexualidade, além disso, se recusam a servir ao exército, alegando servis apenas ao seu Deus. Não comemoram aniversários nem festas de final de ano, festejam apenas o dia da morte de Cristo, em 14 de Nissan, primeiro mês do calendário judeu, pelo qual se baseiam.

Muitas outras polêmicas envolvem os seguidores dessa religião. Em janeiro deste ano (2009) uma adolescente de 17 anos foi expulsa da Igreja após ter sido estuprada. A Sociedade Torre de Vigia, administradora da igreja, condena ferozmente o estupro. Outra divergência envolve o uso de sangue em práticas médicas.

Testemunhas de Jeová não aceitam transfusões sanguíneas em nenhuma hipótese. Isso já foi alvo de questões judiciais contra fiéis desta igreja. Para Janete Lima, ex-Testemunha de Jeová, a igreja faz uma interpretação errada da Bíblia no que diz respeito às transfusões. “Muitas vezes é a única forma de preservar a vida, que o mais importante naquele momento”, comenta a jovem que se desvinculou da Igreja por ser contra algumas de suas posturas.

Para fazer a intermediação entre pacientes Testemunhas de Jeová e a rede de saúde, a Sociedade Torre de Vigia criou a Comissão de Ligação com Hospitais (COLIH), que fornece uma cartilha de informações de como os médicos devem proceder para não haver transfusões sanguíneas em pacientes que participem da Igreja. A COLIH alcançou o número de 1.600 unidades no mundo, sendo 91 no Brasil.

A estudante Danielle da Nóbrega, 17, é Testemunha de Jeová há sete anos e participa ativamente das obras e pregações da Igreja. “O objetivo de nosso trabalho é levar a todas as pessoas as boas novas contidas na Bíblia”, diz Danielle. A estudante perdeu uma tia que morreu por não poder receber transfusão sanguínea depois de um parto complicado. A esse respeito Danielle prega: “para Jeová a vida está no sangue e por isso ele é sagrado pra nós”.

Questões religiosas como esta expõem os limites entre o certo e o errado, o aceitável e o intolerável, a crença e a ciência. Estes valores estão cada vez mais tênues, o desafio para as religiões é conviver com suas diferenças.

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